Biografia
Josep Colom

Nasci em Barcelona em 1947, e desde sempre que a música foi de grande importância no meu ambiente familiar.

Em jovem ganhei os concursos internacionais de Jaén e de Santander; bastante mais tarde o Ministério de Cultura de Espanha outorgou-me o Prémio Nacional de Música. Nos anos 70 vivi em França tendo estudado na École Normale de Musique, e a maior parte da minha discografia foi gravada com “Mandala”.

Toquei já com todas as orquestras espanholas, mas também me apresentei em recital e e com música de câmara nos principais festivais e auditórios nacionais e no estrangeiro. Tendo eu um temperamento introvertido, tenho especial inclinação pelos recitais e pela música de câmara, mas não consigo renunciar às ocasiões de desfrutar as maravilhas do repertório com orquestra.

A pedagogia adquiriu para mim um valor muito especial; além de lecionar regularmente em master classes, ensino desde 1990 na Aula de Música da Universidade de Alcalá de Henares e colaboro há alguns anos com o Conservatório Superior de Zaragoza e com o Musikeon de Valencia.

É para mim um privilégio fazer música e agradeço a todas as pessoas que se deslocaram para compartir o que para mim é um milagre quotidiano.

Primeiro contacto com o piano?
A minha irmã nove anos mais velha é pianista. A nossa tia é professora dela. O meu pai é pianista por paixão e há um monte de discos de música clássica em casa. Aprender a tocar piano era tão natural como aprender a ler e escrever.

Como chegou à conclusão que queria ser pianista?
Nunca cheguei a essa conclusão. Cresci com a ideia gravada de que ERA pianista. Aos 27 anos entrei em crise, abandonei o mundo do piano e frequentei ambientes em que ninguém sabia que eu era pianista. Um ano e pouco depois escolhi de forma consciente o piano como profissão.

Conselho para um/uma jovem pianista no dia do concerto?
Cada um desenvolve os seus rituais. Em geral, aconselho lembrar-se que no dia do concerto o trabalho de preparação já está feito. Faz-se um pequeno aquecimento, manutenção e lembrete sem se cansar psíquica ou emocionalmente. Passeio, comida energética leve e uma boa sesta. A interpretação do dia é improviso, é deixar os detalhes em aberto e procurar manter a lucidez para usar todos os recursos com flexibilidade.

Compositores favoritos e os que mais gosta de interpretar?
Em criança, devorava partituras e desenvolvi um gosto eclético: Bach, Mozart, Beethoven, Chopin, Brahms, Debussy, Ravel, Bartók… A nível muito pessoal, para mim Bach é o pai bom e perfeito, mas inacessível. Brahms é o irmão amado mais velho que sofre e que tento entender e consolar.

Episódio que lhe aconteceu durante um concerto?
Estava a tocar um concerto de Mozart num teatro em Espanha quando de repente senti uma agitação entre os violinos. Pouco depois comecei a ver umas manchas castanhas no teclado e o meu nariz pingava água suja. Chovia e havia goteiras no teatro e eu não podia mudar de sítio como os violinistas. Continuámos a tocar.